A corda de escalada é um dos, se não o mais, importante equipamento na escalada, pois fica responsável por salvar a vida dos praticantes deste esporte diariamente. E não funciona apenas como item para salvação, mas é a conexão entre o escalador e seu parceiro e sua “passagem” até o cume da via. A melhor corda para escalada, pode depender ainda do tipo de escalada que você está buscando.
A corda é um item que merece cuidado, apego e conhecimento. E para fins de conhecimento, vamos falar um pouco sobre as origens, as primeiras cordas de escalada (de 1700 a aproximadamente 1930) apareceram em vilarejos alpinos, na Suíça e eram feitas de cânhamo trançado, linho, manila, algodão ou crina de cavalo. Esses experimentos iniciais resultaram em péssimas cordas de escalada, considerando o fator de relação resistência e peso, além ainda de baixa durabilidade e baixa elasticidade. Basicamente para guiar, não se podia cair.

Já na 2ª Guerra Mundial, aconteceu um catalisador da inovação no mundo da escalada, com avanços em mosquetões e pitons.
No entanto, nada revolucionou a escalada tanto quanto a introdução de cordas de nylon, um material que Arnold Wexler, (EUA), concluiu em 1945, era superior a todos os outros materiais até então vistos para esta atividade. Em meados de 1953, o fabricante alemão de cordas Edelrid introduziu cordas com uma inovação ainda maior que resultou em itens extremamente duráveis que não dobravam nem torciam – e o melhor de tudo, elas podiam lidar com quedas repetidas na parede.
A corda Edelrid, chamada de Kernmantle, tem um forte “núcleo” de náilon trançado (kern) envolto em uma camada resistente à abrasão (mantle ). Todas as cordas de escalada na atualidade usam o design kernmantle.
Hoje, as cordas de escalada são extremamente confiáveis. Existem mais de 100 cordas de escalada diferentes no mercado, todas de vários comprimentos, diâmetros e categorias. É importante entender como as cordas são classificadas antes de fazer uma compra, continue a leitura para entender um pouco sobre esse tema!
Corda de escalada dinâmica ou estática?
Esta é a nomenclatura e característica mais comum entre as cordas, com intuito de diferencia-las e talvez uma das mais importante para o escalador não se confundir.
Basicamente, cordas estáticas, como o nome mesmo demonstra, não se esticam, já cordas dinâmicas esticam um tanto. Cordas estáticas não são para escalar paredes, como as cordas estáticas não se esticam, os alpinistas utilizam em algumas situações como para transportar cargas em grandes paredes ou para fixar linhas em novas rotas. As cordas estáticas podem ser usadas para rapel, operações táticas, segurança industrial, nunca para situações com riscos de queda, ou seja, nunca para guiar uma via.
As vantagens “elásticas” de uma corda dinâmica são o que tornam a queda na escalada segura, pois, com o estiramento da corda ela é amortecida, as forças e tenção nos equipos, na cadeirinha e no alpinista diminuem, independente dos tipos de rocha.
Simples, dupla ou gêmea?
Outra característica importante que todos escalador precisa saber é se a sua corda é certificada como uma corda única (corda simples), uma corda dupla (meia corda) ou uma corda gêmea. Todas as cordas de escalada vêm com uma pequena etiqueta, colocada em cada ponta, que informa a certificação da corda (certificado pela UIAA – Union Internationale des Associations d’Alpinisme, ou em português: União Internacional das Associações de Alpinismo – considera o uso da corda aprovado ).
Nestas etiquetas, ou ainda na embalagem da corda, são definidos as seguintes identificações: Cordas únicas (simples) são identificadas com o número “1” dentro de um círculo, cordas duplas (ou meia corda) possuem “1/2” dentro de um círculo, cordas gêmeas têm um “8” (pode ser visualizado como um OO ou ∞) também dentro de um círculo.
Corda simples

Corda simples, são cordas certificadas para serem usadas como uma única corda preso a cada peça de proteção – são as cordas mais comuns usadas na escalada. Normalmente, as cordas individuais têm diâmetros de 9,2 a 10,2 mm, mas existem cordas únicas no mercado com espessura comuns de 8,9 mm até 11 mm. Podemos utilizar a corda única para escalada esportiva e também em vias difíceis, com várias enfiadas.
Corda dupla
As cordas duplas, também chamadas de meia corda, são duas cordas que devem ser usadas juntas, mas com cada corda em um ponto fixo da via, de forma alternada, para dividir o impacto nestes pontos – às vezes são usadas em escaladas tradicionais que têm proteção em zigue-zague, onde uma única corda criaria muito arrasto, em alguns casos é utilizada também nas escaladas de gelo e onde você precisa de duas cordas para rapel. Essas cordas têm tipicamente 8 a 9 mm de espessura.
Corda gêmea
As cordas gêmeas são duas cordas presas juntas em cada peça de proteção – são as mais leves e finas de todos os modelos citados, com até 7,5 mm de diâmetro.
Importante é cunca confundir estas certificações e características: por exemplo o uso de uma corda gêmea como uma única corda pode resultar em acidentes. As cordas individuais, corda simples, são ideais para a maioria dos escaladores e escaladas.
Diâmetro da corda
Com o avanço tecnológico, as cordas estão ficando mais finas, 20 anos atrás, quase todas as cordas tinham 11 mm ou mais de diâmetro. Agora, a maioria das cordas individuais tem entre 9 e 10 mm. Afinando as cordas sem sacrificar sua força, os fabricantes aprimoraram as tecnologias de tecelagem.
As cordas mais finas são mais leves, o que significa menos peso para trekking e para sua guiada ao longo da via. Porém, se você pratica mais top-hope, ou guiadas e caminhadas menores, o peso não precisa ser uma preocupação, ou pelo menos deve ser uma preocupação menor à você, opte então em usar uma corda mais grossa (entre 10 e 10,5 mm por exemplo), porque elas duram mais que as cordas com diâmetros menores.

De modo geral, para guiadas em escaladas esportivas, cordas na faixa de 9,6 a 9,9 mm são uma aposta contundente. Uma constatação que também é bom de se pensar, é que as cordas mais finas podem ser um pouco mais difíceis de segurar por mãos inexperientes, para algumas pessoas por exemplo elas podem ser mais difíceis de amarrar e ainda resultar em rapel mais rápido e com menos controle. Algumas pessoas afirmam que cordas entre 9,2 e 9,5 mm são mais adequados para escaladores ou pouco mais experientes.
Outro ponto a ser observado é que nada desgasta mais o corpo de uma corda como escalada esportiva: o abuso de ficar pendurado e cair em um projeto de longo prazo pode danificar sua estrutura, pode ser até questão de dias, dependendo da intensidade da prática.
Uma dica é que se você é um escalador esportivo que gosta de malhar projetos, considere usar duas cordas de dois diâmetros diferentes por exemplo. Uma corda seria o seu “item de trabalho”: mais grosso e mais durável, cerca de 9,8 mm. A segunda corda seria ultraleve, entre 9,1 e 9,4 mm e reservada para desempenho, onde cada grama de peso conta muito.
Basicamente, o diâmetro é apenas um elemento que contribui para a durabilidade de uma corda. Mas existem cordas de 9,2 mm no mercado que superaram e sobreviveram a cordas muito mais grossas devido à fabricação de maior qualidade.
Outra consideração importante é o seu equipamento de segurança. Saiba com qual faixa de diâmetros de corda seu “equipo” de segurança está aprovado para trabalhar e não utilize cordas fora desses parâmetros.
Considere também o seu próprio peso e etc.
Comprimento da corda para escalada
Como citamos, as cordas para escalada estão ficando mais finas e elas também estão ficando mais longas. Cordas de cinquenta metros era um padrão há vinte anos atrás. Agora, as cordas de 60 e 70 metros são mais comuns, alguns escaladores estão optando até por cordas de 80m ou mais, para enfrentar linhas longas de escalada na parede.
Se você estiver subindo em uma linha de enfiada única, o comprimento das vias da parede determinarão quanto sua corda deve medir. Se as vias tiverem 25 metros de altura por exemplo, uma corda de 60 metros tem a altura longa o suficiente para você subir e ser abaixado.

Muitos acidentes na escalada ocorrem todos os anos quando escaladores descem das vias em cordas curtas demais para levá-los de volta ao chão, basicamente o segurador não está prestando atenção e o fim da corda desliza por suas mãos e o escalador vai ao chão. Sempre dê um nó na outra extremidade da corda, para evitar esse tipo de acidente.
Cortar a corda
Quando o capa ou alma da sua corda se desgastar em uma das extremidades, você não precisa necessariamente comprar uma corda nova, você pode simplesmente cortar a corda acima da área danificada (que normalmente aparece a 3 ou 4 metros na extremidade da corda) e continuar usando o equipamento. Claro, sua corda de 60 metros ao cortar diminui seu tamanho para 50 metros e não é mais longa o suficiente para ser usada em uma via de 30 metros de altura, por exemplo.
Muito importante, mantenha um registro escrito de quanto tempo sua corda dura após cada corte, para que você saiba seu comprimento aproximado e seja sempre precavido ao escalar novas rotas, considere também adquirir uma corda mais longo, mesmo que você esteja escalando apenas vias de 30 metros de comprimento, uma corda de 70 metros pode ser um bom investimento, porque você tem 10 metros e pode cortar as pontas antes que sua corda torne-se muito curta.
E por fim, ao cortar sua corda, não esqueça de verificar a marcação do meio, o aconselhável é sempre manter a marcação de meio, com objetivos de evitar acidentes, obviamente, assim que você corta as pontas da corda, essas marcações se tornam menos exatas – uma situação potencialmente perigosa caso você corte apenas uma extremidade da corda.
Importante ainda: não utilizar marcadores para marcar o meio da sua corda. Um relatório feito pela UIAA demonstrou que o uso de qualquer tipo de caneta ou marcador para delimitar a corda resulta em uma diminuição de 50% na força!
Escolhendo a corda de escalada
Seguindo as considerações citadas acima, acredito que já temos alguns pontos relevantes da hora de decidir qual corda escolher e qual a melhor corda para o seu objetivo, de qualquer forma, aconselhamos sempre comprar cordas novas e verificar suas extremidades antes de adquiri-las.
Uma observação que pode ser relevante ainda, compre com ao menos 10m a mais do que o tamanho das vias que pretende fazer, isso trará mais segurança e sempre claro, ficar atento ao selo do UIAA e os valores padrões especificados pela instituição, que atestam que as especificações exigidas foram alcançadas para que os fabricantes e suas marcas fossem homologados.